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Punk Anarcho
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Anarcofeminismo, também chamado de feminismo libertário, é o movimento de luta pela libertação da mulher com um viés anarquista. Para as anarcofeministas, a emancipação feminina só se dará com a destruição do Estado e do sistema de classes, responsáveis pela opressão do gênero feminino. O anarcofeminismo é, então, a busca pela transformação da sociedade sob a perspectiva dos conflitos de gênero; é a tentativa de superação do patriarcado sem pretender estabelecer outras formas de domínio em seu lugar.
Trata-se de um caminho para se vivenciar a anarquia para chegar à sociedade libertária.
Não existe uma data precisa para o surgimento do anarcofeminismo. Pode-se dizer que a partir do momento que as mulheres anarquistas começaram a participar ativamente do movimento anarquista, o anarcofeminismo começou a tomar forma. As libertárias passaram a atuar ao lado dos companheiros ácratas e a discutir, propondo meios de combate à opressão que a mulher sofria na sociedade da época.
Maria Lacerda de Moura, Sônia Oiticica, Luce Fabri, Matilde Magrassi, Emma Goldman, Paula Soares, Áurea Quadrado, são apenas algumas das mulheres anarquistas que atuavam no movimento, seja de maneira individual ou em coletivos. Boa parte de suas produções foram perdidas ou destruídas pelos partidos comunistas e pelos governos totalitários, como os de Getúlio Vargas, que prendeu e perseguiu muitos grupos libertários.
Atualmente, existem poucos grupos e mulheres anarcofeministas pelo Brasil e no mundo. Mesmo assim, a vivência daquelas mulheres ainda reflete fortemente em diversos países, como Brasil, México, Bolívia, Espanha, Itália, EUA, entre outros.
O anarcofeminismo compreende que a opressão da mulher é resultado de uma sociedade capitalista e patriarcal, e não do gênero masculino. Por isto, propõe uma sociedade anarquista, em que mulheres e homens sejam vistos como seres humanos completos. O homem é também explorado pelo capitalismo e tem sua masculinidade a todo tempo colocada à prova, porém a sua opressão se dá de maneira diferenciada da da mulher. Enquanto as mulheres são oprimidas, discriminadas, violentadas pelo seu sexo.
Embora o anarcofeminismo beba diretamente da fonte da política anarquista, ele contesta a atuação dos homens libertários e do próprio movimento anarquista, que não dá a devida visibilidade às questões relacionadas à mulher e muitas vezes vê como redundante o termo anarcofeminismo. Por causa disto, foram formados grupos só com mulheres que trouxeram para dentro do movimento estas questões de gênero e da mulher de maneira decisiva. Aqui no Brasil havia o Coletivo AnarcoFeminista (CAF) – surgido nos anos 90 na capital paulista, e atualmente o Grito de Revolta das Mulheres Libertárias (GRML), também em São Paulo. Devido a isto, o anarcofeminismo tomou mais força. São as mulheres libertárias falando com voz própria. Não há lideranças entre as anarcofeministas, sendo sua organização autônoma e horizontal, não havendo hierarquias nem práticas autoritárias nem de valores burgueses. As anarcofeministas não buscam mudanças através de instituições estatais, aprovação de leis, pelo voto ou com a entrada de uma mulher no poder. Estas práticas podem fazer alguma diferença, mas são mínimas porque o problema maior, a raiz de todo o patriarcado perpassa as questões de gênero. O importante é que todas as mulheres tenham poder próprio, pois as mudanças de sexo nos cargos de chefia não alteram a situação das coisas. Que elas possam se expressar sem terem de ser tuteladas por organizações não governamentais ou pelo próprio governo. Maria Lacerda de Moura já dizia: “Não será com algumas mulheres no poder que resolveremos o problema das que estão no tanque, nas ruas, na cozinha!”
As anarcofeministas acreditam na prática da ação direta. É claro a importância que as anarcofeministas têm na transformação do discurso e da prática anarquista. No entanto, esta disposição não pode se restringir a apenas um grupo especifico, tornando assim suas bandeiras sem o longo alcance que merece ter.
A lógica do anarcofeminismo é carregada de potencialidades que possibilitam uma boa articulação entre a revolução individual e a necessidade de uma revolução social que garanta a perpetuação destas novas relações.
Em 2007, foi publicado em parceria com a jornalista e anarcofeminista Mabel Dias e a Imprensa Marginal de São Paulo um livreto contando a história destas mulheres anarquistas. O trabalho é uma reedição de fanzines que foram editados nos anos de 2002 e 2003 e que agora recebem um novo formato. Um segundo livreto será publicado em breve, desta vez, com as histórias das libertárias contemporâneas.
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